quinta-feira, 24 de março de 2011

A habilidade de falar sobre eventos adversos aos pacientes

Um desafio comum enfrentado por farmacêuticos no dia-a-dia da farmácia comunitária consiste em como orientar os pacientes sobre eventos adversos e efeitos colaterais de medicamentos. Sempre há o receio de que a forma como você fala possa comprometer a adesão do paciente ao tratamento. Bom, li recentemente um artigo interessante que foi publicado no ínicio deste ano no Canadian Pharmacists Journal. Framing the risk of an OTC medication side effect, os autores examinam duas formas de comunicar a ocorrência de um efeito colateral sobre a tendência de um paciente em tomar ou não o medicamento. Os dados do artigo reforçam o argumento de que ao orientar sobre o risco do uso de medicamentos associando esta mensagem sempre a uma abordagem positiva, é uma boa erstratégia de efetiva comunicação com o paciente.
Este é um tema de aplicação prática no balcão da farmácia!
Recomendo a leitura para quem se interessa pela área de comunicação como habilidade no processo de dispensação.

Taylor J., Seyed-Hosseini M., Quest D. Framing the risk of an OTC medication side effect Can Pharm J 2010;144:34-39.2010;144:34-39.

terça-feira, 22 de março de 2011

Sobre a formação do farmacêutico para a Atenção Farmacêutica...para além da questão técnica!

Acabo de receber e ler um artigo escrito pela minha amiga Dra. Djenane Ramalho no Boletin da Red Sudamericana de Atención Farmacéutica (REDSAF) (ver artigo) que me renova a esperança e o sentido da função de educador nos tempos atuais.
Apesar de extremamente lisonjeado pela referência da autora ao nosso trabalho, o motivo que nos leva a comentar este artigo reside na convicção de que há educadores espalhados mundo afora que compartilham a mesma inquietude, aquela vontade mesma de formar transformando a si mesmo e aos outros num diálogo permanente e engajado com a construção de um mundo melhor, uma sociedade com valores solidários e um processo de cuidado que contribua para a vocação do ser humano em "ser mais"...
Fazemos parte de um grupo de educadores que vê e acredita na necessidade de uma nova farmácia, um novo farmacêutico, nem melhor, nem pior, mas situado e envolvido com as questões relevantes do seu tempo.
Há alguns meses tive o privilégio de proferir uma conferência em uma jornada acadêmica na qual se questionava os desafios de inovação e sustentabilidade para a farmácia neste século.
Pois bem, creio ser esta uma preocupação pertinente e transversal em todo o processo de formação de futuros farmacêuticos nos distintos países, dos mais centrais até aqueles considerados emergentes ou nos periféricos...O desafio de inovar e manter nossa viabilidade social e econõmica, assume relevância ética quando pensamos que há igualmente a responsabilidade pela subsistência das outras formas de vida coexistentes neste planeta...
O artigo de Djenane, em tempos de crise e recrudescimento de valores pouco solidários vai direto ao foco da questão...A partir de uma reflexão sobre a opção por uma formação reflexiva e mais humanista, para o exercício da Atenção Farmacêutica, ela nos faz lembrar que não se pode esquecer que esta "formação" não se dá de forma descontextualizada, o sujeito desta formação "não está solto no ar" mas faz parte, está irremediavelmente "enraizado" em um contexto cultural, histórico, social, local e global que envolve também as grandes questões e problemas que vemos como desafios para a humanidade.
Mais do que formar farmacêuticos, nosso trabalho envolve como já disse um permanente diálogo por justiça social, promoção da cultura da paz, solidariedade com os outros e respeito à diversidade...
Submetidos à rotina de orientações, aulas e atendimentos em hospitais, clínicas e tantos outros locais em que tentamos construir uma prática de cuidado, é sempre bom renovar aquela perspectiva que expressa nossa pretensão (talvez pueril, talvez idealista, utópica...mas certamente uma das mais belas utopias...): Somos educadores por que desejamos ver o mundo com outros valores que não sejam aqueles que privilegiam o confronto, a indiferença, a desigualdade e a iniquidade...

domingo, 13 de março de 2011

Como a divulgação científica pode reforçar o uso irracional de medicamentos

Os meios de comunicação desempenham sem dúvida alguma um relevante papel na disponibilização e disseminação de informação, contribuindo para a formação da opinião pública sobre diferentes temas do cotidiano e da vida social. Porém, quando se trata da disseminação do conhecimento científico, é raro encontrar uma notícia que não venha carregada de um certo tom de sensacionalismo e de mistificação da ciência. Em parte talvez em razão do despreparo de alguns jornalistas para cobrir assuntos para os quais, como leigos, acaba por prevalecer na "caneta" (ou melhor, no "teclado") de quem escreve a opinião que representa o senso comum que distorce e vê no discurso científico "algo além do que está dito"...Mas há também outros aspectos e fatores que não nos cabe discutir aqui...
O exemplo mais recente sobre como a divulgação científica no jornalismo não especializado muitas vezes presta-se a desinformar a população, vem de uma nota publicada no "Caderno Vida ZH" (link disponível neste post). Sob o título "Estudo revela que Ibuprofeno reduz risco de Parkinson", a reportagem, baseada em um artigo publicado no ínicio de março na revista Neurology força a barra e induz o leitor a acreditar nos benefícios do uso regular de ibuprofeno. O texto da matéria começa afirmando categoricamente que "Os adultos que tomam regularmente o anti-inflamatório Ibuprofeno têm 27% menos riscos de desenvolver a doença de Parkinson"
Bom, vamos incentivar as pessoas a tomar ibuprofeno como se toma aspirina pra prevenir infarto!!!...Tudo bem que há o risco em desenvolver uma úlcera ou alguma doença inflamatória no trato gastrintestinal...mas pelo menos você não vai ter Parkinson...Ahhh, então tá!!!
Para uma análise mais inteligente e antes de qualquer conclusão precipitada como a do jornalista, melhor recorrer à fonte:
Gao X, Chen H, Schwarzschild MA, Ascherio A. Use of ibuprofen and risk of Parkinson disease  Neurology March 8, 2011 76:863-869doi: 10.1212/WNL.0b013e31820f2d79

Em 2010, a Neurology já havia publicado uma metanálise sobre o mesmo assunto, também vale à pena conferir: Gagne JJ, Power MC. Anti-inflammatory drugs and risk of Parkinson disease: a meta-analysis. Neurology. 2010 Mar 23;74(12):995-1002.

sábado, 5 de março de 2011

Avaliação de metodologias de detecção de erros de medicação e eventos adversos

Neste artigo publicado na American Journal of Health-System Pharmacy. 2011;68(3):227-240 "Systematic Review of Medication Safety Assessment Methods" Meyer-Massetti, C. et al., os autores fazem uma revisão da literatura sobre as principais metodologias de detecção e avaliação da segurança no uso de medicamentos