terça-feira, 28 de setembro de 2010

Caso Clínico: Manejo de Reações Adversas

Paciente, sexo feminino, 22 anos com a seguinte prescrição:
Arava® (100 mg, 1 vez ao dia durante 3 dias. Após este período, continuar o tratamento com 20 mg 1 vez ao dia); Rofecoxib® 25 mg, 1 vez ao dia e polivitamínicos
A paciente utilizou os medicamentos por 22 dias durante os quais ela se queixou de febre, mal estar, tosse e micção dolorosa.
Em várias ocasiões ela foi tratada com metronidazol, amoxicilina, levofloxacino e ceftriaxona para essas condições...
Quando cessa a medicação os sintomas não desaparecem
Desenvolveu recentemente hepatite, rash cutâneo, prurido e dermatite e descoloração da pele.
Encaminhada para o hospital, sua dermatite agravou e a paciente desenvolveu vasculite.
Os dados laboratoriais indicaram hiperglicemia e pancitopenia
O prescritor consulta o farmacêutico clínico para obter informações sobre a possibilidade de tratar-se de uma RAM e deseja saber qual o melhor manejo desta paciente

Estude e discuta o caso.
  1. É plausível relacionar o conjunto de eventos como RAM a qual medicamento?
  2. Qual a evidência?
  3. Classifique o tipo de RAM? Explique o mecanismo
  4. Proponha alternativas de manejo/Elabore um plano de manejo

Adaptado de: PARTHASARATHI, G.; NYFORT-HANSEN, K.; NAHATA, N. Textbook of Clinical Pharmacy Essentials concepts and Skills. Chennai: Orient Longman Private, 2004.

Eventos adversos, RAM e problemas relacionados com medicamentos

CONTEÚDO: Falhas na farmacoterapia: eventos adversos e Problemas relacionados com medicamentos

Objetivos de ensino:
  • Conceituar evento adverso, reação adversa e problema relacionado com medicamento
  • Conhecer as diferentes classificações de PRMs e RAM
  • Estabelecer a relação de causalidade entre um medicamento e a suspeita de reação adversa
  • Documentar e notificar eventos adversos a medicamentos
  • Compreender o papel do farmacêutico na prevenção, detecção, identificação, resolução e comunicação de eventos adversos e PRMs
Sugestão da aula:
Consulte a página do setor de Farmacovigilância da ANVISA http://portal.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa/posuso/farmacovigilancia
Temas interessantes, publicações e um glossário com termos técnicos

Algumas definições utilizadas pelo Sistema de Notificação da ANVISA (NOTIVISA)
  • Evento Adverso a medicamento: para o Notivisa, o termo “Evento Adverso” refere-se aos casos em que existe uma suspeita de que o dano sofrido pelo paciente ou usuário tenha ocorrido após a utilização de um medicamento. Tal termo é utilizado de uma maneira mais ampla em relação ao consenso adotado pela literatura internacional sobre Farmacovigilância, devido à variedade de produtos-motivo a serem notificados e à necessidade de se estabelecer um padrão para todos esses tipos de produto. Assim, para a Organização Mundial de Saúde (OMS), o evento adverso é qualquer ocorrência médica indesejável que ocorra com um paciente que tenha recebido um produto farmacêutico e que não necessariamente tenha relação causal estabelecida com este tratamento. Um evento adverso inclui qualquer sinal desfavorável e não intencional (achados laboratoriais anormais, por exemplo), sintomas, ou doença temporariamente associada com o uso do medicamento, relacionado ou não ao medicamento. (ICH – E2A)
  • Evento Adverso grave: é qualquer ocorrência médica indesejável que:
Resulte em morte;
Resulte em ameaça à vida (Note que ameaça à vida refere-se ao risco de morte no momento da reação/evento, não está relacionado à hipótese de levar o paciente à morte se a reação/evento fosse mais severa);
Requer hospitalização ou prolongamento de uma hospitalização préexistente;
Resulta em incapacidade persistente ou significativa;
Anomalia congênita e malformação ao nascimento;
Efeitos clinicamente importantes
  • Evento adverso inesperado: um evento adverso cuja natureza ou severidade não são coerentes com as informações constantes na bula do medicamento ou no processo do registro sanitário no país, ou que seja inesperada de acordo com as características do medicamento. É lembrar que esse tipo de evento também recebe prioridade de avaliação
  • Notificador primário: é o indivíduo que toma conhecimento do evento adverso e que notifica ou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) através do preenchimento deste formulário ou a empresa farmacêutica detentora do registro do medicamento suspeito. O notificador primário pode ser o próprio paciente/usuário do medicamento ou um profissional da saúde. Notificador secundário: é o funcionário da empresa farmacêutica detentora do registro do medicamento suspeito que seja responsável pelo preenchimento do formulário de notificação de evento adverso.
  • Queixa Técnica: Para o Notivisa, o termo refere-se a qualquer irregularidade identificada em relação a um produto ou ao seu fabricante e que não foi administrado ao paciente. Por exemplo, desvio da qualidade, produto sem registro ou falsificado.
  • Relato de Evento Adverso: é o conjunto de informações a ser preenchido no Formulário de Eventos Adversos a Medicamentos a respeito do evento adverso ocorrido com um paciente sob uso de medicamento.
  • Reação Adversa a medicamento (RAM): toda resposta nociva e não intencional a um medicamento relacionada a qualquer dose deve ser considerada reação adversa. A palavra resposta indica que uma relação causal entre o medicamento e o evento é pelo menos possível, não podendo ser descartada. (ICH – E2A)
  • Sinal: informação notificada sobre possível relação causal entre um evento adverso e um medicamento, sendo que tal relação é desconhecida ou foi documentada previamente, de forma incompleta. Normalmente, mais de uma única notificação é necessária para gerar um sinal, dependendo da gravidade do evento e da qualidade da informação (OMS).

Fonte: ANVISA Formulário para Notificação de Eventos Adversos à Medicamento – Profissional da Saúde

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O Uso Racional de Medicamentos

CONTEÚDO: Fundamentos do uso racional de medicamentos, Comitê de Farmácia e Terapêutica e seleção de medicamentos

Objetivos de ensino:
  • Definir uso racional de medicamentos e medicamentos essenciais
  • Descrever as funções do Comitê de Farmácia e Terapêutica
  • Descrever os critérios de seleção de medicamentos e da terapêutica racional
  • Descrever os seis passos para o estabelecimento do tratamento de um paciente
  • Descrever o papel do farmacêutico na promoção do uso racional de medicamentos

 

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Adesão ao tratamento

CONTEÚDO: O problema da adesão ao tratamento

Objetivos de ensino:
  • Definir a adesão e não-adesão ao tratamento;
  • Explicar os fatores que determinam a adesão ao tratamento
  • Explicar os diferentes métodos para detectar a não-adesão ao tratamento
  • Propor estratégias de intervenção para promover a adesão
  • Compreender o papel do farmacêutico na promoção da adesão
Recomendo a seguinte leitura adicional:
Nemes, M. I. B. et al. Assessing patient adherence to chronic diseases treatment: differentiating between epidemiological and clinical approaches. Cad. Saúde Pública [online]. 2009, vol.25, suppl.3, pp. S392-S400. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2009001500005&lang=pt

O artigo é uma revisão que foi publicada na "Cadernos de Saúde Pública" em 2009 e tem como grande qualidade apresentar e discutir alguns conceitos e métodos de avaliação da adesão ao tratamento buscando diferenciar os enfoques e aplicações na clínica e nos levantamentos epidemiológicos.
Os autores ressaltam a necessidade de precisão na avaliação da adesão inserida numa perspectiva epidemiológica. Destacam, neste caso, os questionários de auto-relato da adesão aplicados aos pacientes, os quais apresentam como desvantagem sua baixa sensibilidade.
Já na abordagem clínica é mais importante conhecer as características ou condições individuais que interferem e constituem dificuldades para o paciente aderir ao tratamento. Neste sentido, os questionários de auto-relato aplicados no contexto clínico podem auxiliar a melhorar a objetividade da opinião do profissional. Permanece, contudo, o alerta deixado ao final do artigo de que o "diálogo paciente-profissional é ainda a melhor abordagem para avaliar a adesão, assim como para prover um bom cuidado"