terça-feira, 22 de março de 2011

Sobre a formação do farmacêutico para a Atenção Farmacêutica...para além da questão técnica!

Acabo de receber e ler um artigo escrito pela minha amiga Dra. Djenane Ramalho no Boletin da Red Sudamericana de Atención Farmacéutica (REDSAF) (ver artigo) que me renova a esperança e o sentido da função de educador nos tempos atuais.
Apesar de extremamente lisonjeado pela referência da autora ao nosso trabalho, o motivo que nos leva a comentar este artigo reside na convicção de que há educadores espalhados mundo afora que compartilham a mesma inquietude, aquela vontade mesma de formar transformando a si mesmo e aos outros num diálogo permanente e engajado com a construção de um mundo melhor, uma sociedade com valores solidários e um processo de cuidado que contribua para a vocação do ser humano em "ser mais"...
Fazemos parte de um grupo de educadores que vê e acredita na necessidade de uma nova farmácia, um novo farmacêutico, nem melhor, nem pior, mas situado e envolvido com as questões relevantes do seu tempo.
Há alguns meses tive o privilégio de proferir uma conferência em uma jornada acadêmica na qual se questionava os desafios de inovação e sustentabilidade para a farmácia neste século.
Pois bem, creio ser esta uma preocupação pertinente e transversal em todo o processo de formação de futuros farmacêuticos nos distintos países, dos mais centrais até aqueles considerados emergentes ou nos periféricos...O desafio de inovar e manter nossa viabilidade social e econõmica, assume relevância ética quando pensamos que há igualmente a responsabilidade pela subsistência das outras formas de vida coexistentes neste planeta...
O artigo de Djenane, em tempos de crise e recrudescimento de valores pouco solidários vai direto ao foco da questão...A partir de uma reflexão sobre a opção por uma formação reflexiva e mais humanista, para o exercício da Atenção Farmacêutica, ela nos faz lembrar que não se pode esquecer que esta "formação" não se dá de forma descontextualizada, o sujeito desta formação "não está solto no ar" mas faz parte, está irremediavelmente "enraizado" em um contexto cultural, histórico, social, local e global que envolve também as grandes questões e problemas que vemos como desafios para a humanidade.
Mais do que formar farmacêuticos, nosso trabalho envolve como já disse um permanente diálogo por justiça social, promoção da cultura da paz, solidariedade com os outros e respeito à diversidade...
Submetidos à rotina de orientações, aulas e atendimentos em hospitais, clínicas e tantos outros locais em que tentamos construir uma prática de cuidado, é sempre bom renovar aquela perspectiva que expressa nossa pretensão (talvez pueril, talvez idealista, utópica...mas certamente uma das mais belas utopias...): Somos educadores por que desejamos ver o mundo com outros valores que não sejam aqueles que privilegiam o confronto, a indiferença, a desigualdade e a iniquidade...

Nenhum comentário:

Postar um comentário