quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Caso Clínico Diabetes


Maria de Lourdes é jovem senhora, negra, de 49 anos, que procurou atendimento ambulatorial no Hospital Universitário. No acolhimento multiprofissional a paciente queixa-se de fadiga crescente, que ela atribui ao excesso de peso. Na história médica pregressa  refere diagnóstico de síndrome do ovário policístico (SOP), durante uma avaliação recente para amenorréia (há 2 meses), Hipertensão arterial (há 4 anos) e "colesterol alto" (sic). Sua última consulta com clínico geral foi a mais de 2 anos (ocasião segundo a qual o médico detectou "problemas com o colesterol"). Há relatos de diabetes e hipertensão na família, sua irmão mais nova apresenta SOP e Hipertensão.
A paciente está casada há 23 anos e tem dois filhos. Trabalha nas tarefas de casa. Não faz uso de álcool nem é fumante. Não pratica exercícios físicos regulares e admite que tem seguido algumas "dietas da moda" para tentar perder peso, porém com pouco sucesso. Ela relata que adere bem ao uso de medicamentos.
Medicamentos em uso: noretindrona+etinilestradiol (ciclovulon), conforme recomendação da ginecologista, e hidroclorotiazida, comprimidos de 50 mg (1-0-0).
Na revisão de sistemas relata cansaço freqüente, polidipsia ocasional, polifagia, fraqueza elightheadedness ao levantar-se. Nega visão turva, dor no peito, dispnéia, taquicardia, tontura, formigamento ou dormência nas extremidades, a paciente não relata cãibras nas pernas, edema periférico, alterações nos movimentos do intestino, sensação de inchaço ou dor no abdomem, náuseas ou vômitos, incontinência urinária, ou presença de lesões de pele.
Sinais Vitais e medidas antropométricas: Pressão arterial: 152/88 mmHg (sentado), 130/70 (em pé); pulso: 82; freqüência respiratória: 18; Temperatura: 37,2 °C; Peso: 95,5 kg; altura: 1, 68m.
Valores de Laboratório: Na: 141 mEq/L; Ca: 9.9 mg/dL; K: 4.0 mEq/L; Fosfato: 3.2 mg/dL; Cl: 96 mEq/L; AST: 21 IU/L; ALT: 15 IU/L; BUN: 16 mg/dL; Fosfatase alcalina: 45 IU/L; CO2: 22 mEq/L; Creatinina sérica: 1.2 mg/dL; Bilirrubina Total: 0.9 mg/dL; Glicemia casual: 280 mg/dL; Colesterol Total: 260 mg/dL

Questões

1. Quais os problemas da paciente?
2. Quais informações adicionais são imprescindíveis avaliar a paciente e iniciar um plano de cuidado?
3. Baseado nas informações disponíveis neste caso, quais as necessidades da paciente?

Adaptado de: Hall D.L; Drab S.R. type 2 Diabetes Mellitus: New Onset, p. 201. In: Schwinghammer T.L. (ed.). Pharmacotherapy Casebook: A Patient-Focused Approach, 7th ed. Mcgraw-Hill Medical: New York, 2009.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Caso Clínico Hipertensão

O Farmacêutico Clínico faz sua visita diária aos pacientes internados na unidade de Clínica Médica I do Hospital Universitário. Revisando os prontuários ele identifica um paciente que deu entrada há dois dias no hospital, trata-se do Sr. A.S., 50 anos, casado, bancário que foi atendido no setor de urgência em decorrência de um desmaio enquanto assistia a um jogo de futebol com seu filho. Exame preliminar revelou hematomas no braço esquerdo e na coxa superior para a qual foi prescrito paracetamol 1 g quatro vezes ao dia e ibuprofeno 400 mg, três vezes por dia, caso necessário.
Na história pregressa não foi identificado o diagnóstico de condições médicas pre-existentes, nem uso contínuo de algum medicamento. Apesar do paciente aparentar um aspecto físico razoavelmente em forma para sua idade, constatou-se que ele está um pouco acima do peso (81 kg; altura: 1,72 m; circunferência abdominal: 91 cm), ele fuma 20 cigarros por dia e bebe cerca de 30 unidades de álcool por semana. No momento da admissão sua pressão arterial encontrava-se em 165/80 mmHg, com uma frequência cardíacade 90 batimentos por minuto. Estes valores mantiveram-se inalterados nas últimas 48 horas. O paciente foi diagnosticado como tendo hipertensão arterial sistêmica.
Questões:
  1. Defina hipertensão arterial?
  2. De acordo com o quadro do paciente e as VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, quais são as metas de tratamento para este paciente?
  3. Quais são as principais classes de medicamentos usados ​​para tratar a hipertensão arterial?
  4. Que classe de medicamentos seria indicado como de primeira linha no tratamento inicial  para este paciente? (justifique)
  5. Esta opção seria alterada, caso o paciente fosse afro-descendente? Caso afirmativo, qual seria a opção e porquê?
  6. Para cada uma das classes de medicamentos mencionados na pergunta 3 indique:  a) um medicamento dessa classe; b) a dose de partida mais apropriada e a freqüência de uso indicada (esquema terapêutico); c) a dose máxima indicada para o tratamento da hipertensão; d) três contra-indicações; d) três eventos adversos comuns (com sua frequência)
  7. Na sua opinião o paciente necessita de uma avaliação do risco cardiovascular? Porquê? Como avaliar o risco cardiovascular?
  8. No plano de cuidados do paciente, além do tratamento, quais medidas são necessárias para favorecer a redução do risco de um evento cardiovascular? Quais seriam suas orientações ao paciente? Justificar cada medida e explicar os riscos associados ao não cumprimento dessas medidas.
Caso adaptado de Bhalla, N. Cardiovascular case studies. In: Dhillon, S.; Raymond, R. (ed.) Pharmacy Case Studies. London, UK: Pharmaceutical Press, 2009.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Avaliação parcial da disciplina

Prezados e prezadas,

Ao chegarmos na metade do semestre cabe além da avaliação intermediária de praxe, a qual vocês foram submetidos, um momento também de avaliação da disciplina de Farmácia Clínica com o intuito de identificar os pontos fortes e positivos do planejamento didático, como também as dificuldades e limitações no desenvolvimento das nossas atividades.
Deste modo solicitamos a colaboração de cada um de vocês, utilizando este espaço para avaliar o seu desempenho e as atividades realizadas até aqui.
Atenção você não precisa se identificar para responder as questões abaixo ok!
Sua opinião é muito valiosa, obrigado!
WBS
  1. Em relação ao conteúdo abordado até o momento na disciplina você encontrou alguma dificuldade? Qual?
  2. O que você acha da metodologia das aulas até o momento?
  3. Como você classificaria o seu desempenho na disciplina? (muito bom, bom, regular, fraco, muito fraco). Justifique a sua resposta
  4. Quais os aspectos mais interessantes ou positivos que você destacaria nesta disciplina até o momento? Justifique
  5. Quais os aspectos menos interessantes ou os pontos fracos (que precisariam ser melhorados ou modificados) nesta disciplina? Justifique
  6. Como você classificaria sua relação com os colegas da disciplina? Você acha que isto interfere no seu aprendizado? Se sim, de que forma?
  7. Como você classificaria sua relação com o professor da disciplina? Você acha que isto interfere no seu aprendizado? Se sim, de que forma?

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Reconciliação de medicamentos

A reconciliação de medicamentos (ou reconciliação medicamentosa) consiste em uma das ações do Farmacêutico Clínico para identificar e corrigir falhas, inconsistências e problemas no sistema de medicação, prevenindo erros e eventos adversos, mas também colaborando para a adesão do paciente.
Na nossa aula desta semana vocês puderam entender qual o significado desta atividade, bem como na aula prática tiveram a oportunidade de perceber as dificuldades, assim como possibilidades para a implantação da reconciliação em um ambiente hospitalar com as características do nosso HU.
O quê vocês acharam da atividade? O quê é a reconciliação para vocês? Quais estratégias vocês utilizariam, a partir da prática realizada para implantar o processo de reconciliação no HU?
Comentem
Um sugestão de link: Guia de Consulta Rápida para Reconciliação de Medicamentos para Pacientes da University Health Network http://www.uhn.ca/Patients_&_Visitors/health_info/topics/documents/Core_Clinical_Services/Pharmacy/D5582C_Med_Reconciliation_Port.pdf
A seguir também sugiro a leitura do encarte sobre Erros de Medicação publicado pelo CFF que resume aquilo que abordamos até agora sobre Segurança do Paciente.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Prática sobre Erros de Medicação


TUTORIAL SOBRE SEGURANÇA DO PACIENTE E ERROS DE MEDICAÇÃO 

Atenção prezados alunos, analisem os casos descritos a seguir, relacionando-os com os trechos de suas respectivas prescrições:

Caso 1
Paciente S.M.S., 23 anos, solteira, branca
HDA: diagnóstico de hipertrofia congênita do ventrículo esquerdo
Internada na unidade de cardiologia do Hospital, histórico de alergia à dipirona
Prescrição
Fonte: NÉRI (2004)

  1. Há algum problema nesta prescrição?
(   ) SIM          (   ) NÃO
  1. Se sua resposta for SIM, qual(is) problema(s) você identificou? (Justifique)
  2. Comente sobre as possibilidades de intervenção para resolução do problema
Caso 2
Paciente, 65 anos, sexo masculino, pardo
Diagnóstico: Diabetes mellitus tipo II + dor óssea à esclarecer
Prescrição
Fonte: NÉRI (2004)

  1. Há algum problema nesta prescrição?
(   ) SIM          (   ) NÃO
  1. Se sua resposta for SIM, qual(is) problema(s) você identificou? (Justifique)
  2. Comente sobre as possibilidades de intervenção para resolução do problema
Caso 3
Paciente, 14 anos
Diagnóstico: síndrome parkinsoniana? + discinesia
Prescrição
Fonte: NÉRI (2004)

  1. Há algum problema nesta prescrição?
(   ) SIM          (   ) NÃO
  1. Se sua resposta for SIM, qual(is) problema(s) você identificou? (Justifique)
  2. Comente sobre as possibilidades de intervenção para resolução do problema

Para a atividade abaixo os alunos serão divididos em pequenos grupos (5 a 6 alunos)
  1. A partir da observação do processo de distribuição de medicamentos do serviço de Farmácia, elabore um fluxograma operacional do sistema de medicação dos pacientes atendidos na Clínica Médica II
  2. Identifique os pontos onde podem ocorrer falhas ou erros neste processo
  3. Identifique os pontos críticos e os tipos de erros potenciais
  4. Elencar as possíveis causas e conseqüências

Referências
NÉRI, EDR. Determinação do perfil de erros de prescrição de medicamentos em um hospital universitário, 2004. Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem. Universidade Federal do Ceará. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas). Disponível em: http://www.ismp-brasil.org/new/publicacoes/tese.php?pubId=20
WARHOLAK TL, QUEIRUGA C, ROUSH R, PHAN H. Medication Error Identification Rates by Pharmacy, Medical, and Nursing Students. American Journal of Pharmaceutical Education 2011; 75 (2) Article 24
SILVA, AEBC. Análise de risco do processo de administração de medicamentos por via intravenosa em pacientes de um Hospital Universitário de Goiás, 2008. Escola de enfermagem de Ribeirão Preto. Universidade de São Paulo. Tese (Doutorado em Enfermagem). Disponível em: http://www.ismp-brasil.org/new/publicacoes/tese.php?pubId=4

domingo, 18 de setembro de 2011

Segurança do Paciente e erros de medicação: a culpa é de quem?

O tema das nossas últimas aulas foi focado nos erros de medicação. Sobre este assunto recomendo a leitura dos artigos recomendados no plano de aula:

Lyra Júnior DP et al. Erro medicamentoso em cuidados de saúde primários e secundários: dimensão, causas e estratégias de prevenção. Rev Port Saúde Pública, 2010; Vol Temat(10) :40-6. Disponível em: http://www.ensp.unl.pt/dispositivos-de-apoio/cdi/cdi/sector-de-publicacoes/revista/2010/pdf/volume-tematico-seguranca-do-doente/5-Erro%20medicamentoso%20em%20cuidados%20de%20saude%20primarios%20e%20secundarios.pdf
Carneiro AV. O erro clínico, os efeitos adversos terapêuticos e a segurança dos doentes: uma análise baseada na evidência científica. Rev Port Saúde Pública, 2010; Vol Temat(10) :3-10. Disponível em: http://www.elsevier.es/sites/default/files/elsevier/pdf/323/323vVol%20Temat(10)n00a13189808pdf001.pdf

A questão dos erros tem sido investigada em vários sistemas de saúde, inclusive no Brasil. Em um estudo do tipo survey realizado por Miasso e colaboradores (2006) junto a profissionais de quatro hospitais brasileiros localizados nas regiões Centro-oeste, sudeste e nordeste, com o objetivo de identificar os tipos, causas, providências administrativas e sugestões percebidas por estes profissionais relativas aos erros de medicação, os autores encontraram os erros de prescrição e transcrição do receituário como os mais frequentemente relatados (em média 36,5%, segundo a opinião dos entrevistados). A maioria dos relatos cita problemas com a compreensão da letra dos prescritores, bem como inadequações e erros propriamente ditos nos medicamentos prescritos. Um aspecto preocupante diz respeito aos relatos de prescrições incorretas realizadas por estudantes de medicina (um fato que põe em cheque, não só a legalidade deste procedimento, bem como evidencia distorções no procedimento de acompanhamento da formação em serviço). Mas o estudo também demonstra que, pelo menos na percepção dos entrevistados, o problema atinge várias etapas do sistema de medicação e não se restringe apenas à problemas na prescrição. Foram encontrados erros de dispensação, de preparo e administração dos medicamentos, falhas nos fluxos de comunicação e erros devidos à (des)organização das unidades relacionadas à gestão dos serviços...A falta de atenção aparece como uma das principais causas dos erros que certamente comprometem a segurança do paciente.

Hoje, um programa jornalístico semanal (se é que se pode chamar assim) de grande audiência na TV brasileira mais uma vez apresenta uma reportagem sobre o assunto (de tempos em tempos a grande imprensa resolve dar atenção ao tema!). Tirando a dose de sensacionalismo que reportagens como esta imprimem e a tendência de atribuir a "culpa" para uma categoria profissional (a bola da vez é a enfermagem!), o problema existe e suspeitamos que seja bem mais sério do que se imagina, a despeito dos reais esforços de gestores públicos e privados no sentido de estabelecer procedimentos e padrões de prática que previnam e garantam a qualidade do cuidados e a segurança dos procedimentos.

Aliás a estratégia de tentar apontar culpados não resolve o problema. Quando olhamos para os setores das atividades humanas que adotaram uma perspectiva sistêmica do erro (como o setor energético termonuclear e a aviação civil) é possível aprender que quaisquer que sejam as ações para a prevenção dos erros de medicação, elas passam pelo estabelecimento de procedimentos simples, pela padronização de condutas, pela verificação constante de processos e também pela educação continuada. É preciso construir uma cultura de segurança, na qual todos estejam envolvidos e sintam-se co-responsáveis. Este é o caminho, tudo o mais serve apenas para apontar um "bode expiatório" e atender a sanha sensacionalista da mídia brasileira em gerar notícias com o intuito de ganhar a audiência da opinião pública.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Fontes de Informação para pratica clinica

A Comissão de Farmácia e Terapêutica foi consultada pela Direção do Hospital, sobre a possibilidade de incluir na lista de medicamentos padronizados do referido hospital o medicamento Sildenafil 20mg. O teor da consulta refere-se à prescrição deste medicamento para um paciente pediátrico com 2 anos de idade e diagnóstico de “CARDIOPATIA CONGÊNITA COMPLEXA, sem possibilidade de correção cirúrgica, em decorrência de hipertensão arterial pulmonar severa e irreversível” CID 10 I 27.0. O esquema terapêutico prescrito indica a administração de 1/2 comprimido duas vezes ao dia. Você acaba de ser indicado para a CFT e ficou encarregado de emitir um parecer em no máximo 48 horas.
  1. Qual (ou quais) informações você precisa?
  2. Elabore a pergunta estruturada que norteará sua busca
  3. Onde você buscaria a informação para elaborar seu parecer? Quais fontes de informação você utilizaria? (elabore uma lista e classifique as fontes de informação utilizadas)
  4. Sugira uma estrutura de parecer (ou relatório técnico) que o farmacêutico utilizaria para responder esta consulta
  5. Elabore o seu parecer.
Lembre, você tem um prazo máximo 48 horas!!!!




quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Farmácia Clínica: aspectos conceituais, princípios, funções e competências do farmacêutico no desenvolvimento de serviços clínicos

Na nossa primeira aula nós apresentamos a contextualização histórica de emergência da Farmácia Clínica e buscamos discutir a sua definição a partir da compreensão daquilo que entendemos por modelo de prática profissional. A Farmácia Clínica constituiu-se, segundo esta perspectiva, primeiro como um princípio, ou conjunto de princípios em torno do qual se organizou um tipo de prática, um conjunto de atividades profissionais, para em seguida configurar-se como um campo disciplinar, ou seja, uma disciplina científica. Como pudemos argumentar na nossa aula, uma leitura atenta dos autores que foram precursores do movimento clínico nos EUA nos anos 1960 mostra a intencionalidade do movimento que ora iniciava. Pretendia-se que os farmacêuticos assumissem "novos padrões de prática para a farmácia" para além das "atividades administrativas clássicas", incorporando a responsabilidade pelas atividades de cuidado ao paciente (Kalman e Schlegel, 1979).

De uma forma geral os artigos que marcam aquele momento histórico de emergência da Farmácia Clínica são recorrentes ao abordar grande preocupação com o processo de desprofissionalização e consequente diminuição do prestígio, da visibilidade social da Farmácia americana. Constatam ainda o conflito entre interesses de mercado e o propósito “altruísta da ideologia profissional”; desta constatação emerge a consciência da falta de uma “ideologia profissional” definida, um propósito ou missão social para a profissão (ou pelo menos o seu esmaecimento). Por fim, é a consciência da existência de um problema social relevante para o sistema de saúde: a morbidade e mortalidade relacionada ao uso de medicamentos, que fundamenta e justifica socialmente a necessidade do deslocamento do objeto da prática farmacêutica do medicamento enquanto produto, para o processo de uso dos medicamentos.

Neste ponto é significativo a definição que encontramos no texto de Francke em 1969: “A Farmácia Clínica é um conceito ou uma filosofia que enfatiza o uso seguro e adequado de medicamentos em pacientes. Ela coloca a ênfase do medicamento sobre o paciente e não sobre o produto. Isto apenas é alcançado interagindo responsavelmente com todas as disciplinas de saúde que estão de alguma forma envolvidos com medicamentos” (PARKER, 1967 citado por FRANCKE, 1969).

Para finalizar seria interessante questionar quais os conhecimentos, habilidades e atitudes vocês consideram fundamentais para que o farmacêutico exerça e desenvolva este modelo de prática? Aliás, segundo o entendimento do que é a Farmácia Clínica, quais são as atividades e funções desenvolvidas pelo Farmacêutico Clínico? Vocês poderiam começar o seu primeiro diário de aprendizagem comentando o que vocês acharam da aula e tentando responder algumas dessas perguntas... O que nos dizem sobre isso?

Leitura complementar:
Ruiz Alvarez, I. Farmacia Clínica, sus objetivos y perspectivas de desarrollo. In: Orrego-Arancíbia, A. et al. (Org.) Fundamentos de Farmacia Clínica. Facultad de Ciencias Químicas y Farmacéuticas, Universidad de Chile, 1993. Disponível em: http://mazinger.sisib.uchile.cl/repositorio/lb/ciencias_quimicas_y_farmaceuticas/arancibiaa01/

Referências:
FRANCKE, G. N. Evolvement of Clinical Pharmacy. Drug Intelligence 1969; 3: 348 – 54.
KALMAN, S. H.; SCHLEGEL, J. F: Standards for practice for the profession of pharmacy. Am Pharmacy NS 19(3):March, 1979.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Novo semestre, novos desafios e o fortalecimento das alianças

Estamos iniciando mais um semestre na disciplina de Farmácia Clínica. Ao mesmo tempo que damos as boas vindas aos estudantes de Farmácia, gostaríamos de ressaltar o empenho dos Farmacêuticos e Residentes do HUFS para a efetivação da disciplina nas dependências do nosso hospital universitário.
Mais do que algo simbólico para todos nós, a parceria estabelecida com a Residência Multiprofissional Integrada em Saúde e com o Serviço de Farmácia, permite mais um movimento de melhoria nas condições de oferta da disciplina, oportunizando um programa de atividades práticas, como também oxalá possibilite o desenvolvimento da Farmácia Clínica como promissora realidade em Sergipe.
Continuamos acreditando na fórmula que até aqui tem dado certo: um passo de cada vez em direção a metas bem definidas, humildade para aprender e fazer junto, diálogo e pactuação entre todos os atores envolvidos...
Nosso lema define a expectativa para este semestre: "Serenidade diante dos problemas e ação para o fortalecimento das alianças até aqui construídas"
Iniciamos hoje portanto mais uma parte da nossa caminhada, bem vindos estudantes, farmacêuticos e colaboradores deste blog!!!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Qual a essência da nossa prática profissional?

Esta vai para os nossos alunos de Atenção Farmacêutica.
Entre definições de categorias e classificações de PRMs, de fato necessárias ao exercício técnico e intervenção racional no processo de manejo das necessidades farmacoterapêuticas de nossos pacientes...A partir da discussão de hoje e dos exclentes questionamentos que vocês fizeram em sala de aula, eu lembrei de um poema de Cora Coralina, que li faz alguns anos...
São palavras que resumem aquilo que poderia ser o significado, a essência humana da nossa prática:

Saber Viver


"Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silencio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar."

Cora Coralina

sábado, 16 de abril de 2011

The professional pharmacist and the pharmacy business (Quando até as pedras clamam!!! Quo Vadis Farmácia?)

Chapman C. The professional pharmacist and the pharmacy business Aust Prescr 2011;34:34-5

"Expansion of the role of pharmacists in primary health care should be more than just assistance with the selection of complementary and over-the-counter medicines. Pharmacists should contribute in a more meaningful way as part of a team approach to health care so that referral to other members of the team, particularly general practitioners"

"In reality, payment for professional services other than the preparation and dispensing of pharmaceutical products will remain an unfulfilled goal until pharmacists unequivocally demonstrate they can contribute significantly to primary health care."

Os trechos acima foram extraídos do editorial da Australian Prescriber deste mês redigido pelo Prof. Colin Chapman que busca refletir e levantar uma questão que ele considera premente para o desenvolvimento da profissão farmacêutica, com implicações para o modelo de cuidado à saúde na Autrália...
A leitura deste artigo só reforça vários argumentos, ensaios, relatos e documentos oficiais que tratam da necessidade de reorientação e expansão do nosso modelo de prática...Este é um fato que parece ser de conhecimento até das pedras do deserto...

"Nevertheless, the time has surely come for community pharmacists to decide once and for all if they are to embrace the changes necessary to improve substantially the 'nonprescription' services they offer." 

domingo, 10 de abril de 2011

Farmácia nas ondas do rádio

Prezados amigos, para conhecimento, estamos divulgando o Programa "A saúde tem remédio...fale com seu Farmacêutico", uma produção do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Farmácia Social (LEPFS) e Rádio UFS. Quem quiser assistir basta acessar o site da Rádio UFS FM http://www.infonet.com.br/radioufsfm/
Os horários de inserção do programa estão disponíveis abaixo:

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Sobre as tendências do Ensino Farmacêutico

Recent Trends on the Future of Graduate Education in the Pharmaceutical Sciences and Research

Um artigo interessante publicado no Journal of Young Pharmacists (em 2010) para quem se interessa pela formação de farmacêuticos. Os autores discutem as principais tendências da educação farmacêutica neste início de século, incluindo aí a Pós-graduação. Apesar de limitado a um contexto diferente do nosso e por vezes com argumentações muito amplas pela pretensão do artigo, o que a meu ver acaba abordando superficialmente a questão do ensino farmacêutico na Pós-graduação strictu sensu, o artigo vale pelas conexões que faz entre um projeto de formação e modelo ou modelos de prática profissional.

Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3021699/?tool=pubmed

quinta-feira, 24 de março de 2011

A habilidade de falar sobre eventos adversos aos pacientes

Um desafio comum enfrentado por farmacêuticos no dia-a-dia da farmácia comunitária consiste em como orientar os pacientes sobre eventos adversos e efeitos colaterais de medicamentos. Sempre há o receio de que a forma como você fala possa comprometer a adesão do paciente ao tratamento. Bom, li recentemente um artigo interessante que foi publicado no ínicio deste ano no Canadian Pharmacists Journal. Framing the risk of an OTC medication side effect, os autores examinam duas formas de comunicar a ocorrência de um efeito colateral sobre a tendência de um paciente em tomar ou não o medicamento. Os dados do artigo reforçam o argumento de que ao orientar sobre o risco do uso de medicamentos associando esta mensagem sempre a uma abordagem positiva, é uma boa erstratégia de efetiva comunicação com o paciente.
Este é um tema de aplicação prática no balcão da farmácia!
Recomendo a leitura para quem se interessa pela área de comunicação como habilidade no processo de dispensação.

Taylor J., Seyed-Hosseini M., Quest D. Framing the risk of an OTC medication side effect Can Pharm J 2010;144:34-39.2010;144:34-39.

terça-feira, 22 de março de 2011

Sobre a formação do farmacêutico para a Atenção Farmacêutica...para além da questão técnica!

Acabo de receber e ler um artigo escrito pela minha amiga Dra. Djenane Ramalho no Boletin da Red Sudamericana de Atención Farmacéutica (REDSAF) (ver artigo) que me renova a esperança e o sentido da função de educador nos tempos atuais.
Apesar de extremamente lisonjeado pela referência da autora ao nosso trabalho, o motivo que nos leva a comentar este artigo reside na convicção de que há educadores espalhados mundo afora que compartilham a mesma inquietude, aquela vontade mesma de formar transformando a si mesmo e aos outros num diálogo permanente e engajado com a construção de um mundo melhor, uma sociedade com valores solidários e um processo de cuidado que contribua para a vocação do ser humano em "ser mais"...
Fazemos parte de um grupo de educadores que vê e acredita na necessidade de uma nova farmácia, um novo farmacêutico, nem melhor, nem pior, mas situado e envolvido com as questões relevantes do seu tempo.
Há alguns meses tive o privilégio de proferir uma conferência em uma jornada acadêmica na qual se questionava os desafios de inovação e sustentabilidade para a farmácia neste século.
Pois bem, creio ser esta uma preocupação pertinente e transversal em todo o processo de formação de futuros farmacêuticos nos distintos países, dos mais centrais até aqueles considerados emergentes ou nos periféricos...O desafio de inovar e manter nossa viabilidade social e econõmica, assume relevância ética quando pensamos que há igualmente a responsabilidade pela subsistência das outras formas de vida coexistentes neste planeta...
O artigo de Djenane, em tempos de crise e recrudescimento de valores pouco solidários vai direto ao foco da questão...A partir de uma reflexão sobre a opção por uma formação reflexiva e mais humanista, para o exercício da Atenção Farmacêutica, ela nos faz lembrar que não se pode esquecer que esta "formação" não se dá de forma descontextualizada, o sujeito desta formação "não está solto no ar" mas faz parte, está irremediavelmente "enraizado" em um contexto cultural, histórico, social, local e global que envolve também as grandes questões e problemas que vemos como desafios para a humanidade.
Mais do que formar farmacêuticos, nosso trabalho envolve como já disse um permanente diálogo por justiça social, promoção da cultura da paz, solidariedade com os outros e respeito à diversidade...
Submetidos à rotina de orientações, aulas e atendimentos em hospitais, clínicas e tantos outros locais em que tentamos construir uma prática de cuidado, é sempre bom renovar aquela perspectiva que expressa nossa pretensão (talvez pueril, talvez idealista, utópica...mas certamente uma das mais belas utopias...): Somos educadores por que desejamos ver o mundo com outros valores que não sejam aqueles que privilegiam o confronto, a indiferença, a desigualdade e a iniquidade...

domingo, 13 de março de 2011

Como a divulgação científica pode reforçar o uso irracional de medicamentos

Os meios de comunicação desempenham sem dúvida alguma um relevante papel na disponibilização e disseminação de informação, contribuindo para a formação da opinião pública sobre diferentes temas do cotidiano e da vida social. Porém, quando se trata da disseminação do conhecimento científico, é raro encontrar uma notícia que não venha carregada de um certo tom de sensacionalismo e de mistificação da ciência. Em parte talvez em razão do despreparo de alguns jornalistas para cobrir assuntos para os quais, como leigos, acaba por prevalecer na "caneta" (ou melhor, no "teclado") de quem escreve a opinião que representa o senso comum que distorce e vê no discurso científico "algo além do que está dito"...Mas há também outros aspectos e fatores que não nos cabe discutir aqui...
O exemplo mais recente sobre como a divulgação científica no jornalismo não especializado muitas vezes presta-se a desinformar a população, vem de uma nota publicada no "Caderno Vida ZH" (link disponível neste post). Sob o título "Estudo revela que Ibuprofeno reduz risco de Parkinson", a reportagem, baseada em um artigo publicado no ínicio de março na revista Neurology força a barra e induz o leitor a acreditar nos benefícios do uso regular de ibuprofeno. O texto da matéria começa afirmando categoricamente que "Os adultos que tomam regularmente o anti-inflamatório Ibuprofeno têm 27% menos riscos de desenvolver a doença de Parkinson"
Bom, vamos incentivar as pessoas a tomar ibuprofeno como se toma aspirina pra prevenir infarto!!!...Tudo bem que há o risco em desenvolver uma úlcera ou alguma doença inflamatória no trato gastrintestinal...mas pelo menos você não vai ter Parkinson...Ahhh, então tá!!!
Para uma análise mais inteligente e antes de qualquer conclusão precipitada como a do jornalista, melhor recorrer à fonte:
Gao X, Chen H, Schwarzschild MA, Ascherio A. Use of ibuprofen and risk of Parkinson disease  Neurology March 8, 2011 76:863-869doi: 10.1212/WNL.0b013e31820f2d79

Em 2010, a Neurology já havia publicado uma metanálise sobre o mesmo assunto, também vale à pena conferir: Gagne JJ, Power MC. Anti-inflammatory drugs and risk of Parkinson disease: a meta-analysis. Neurology. 2010 Mar 23;74(12):995-1002.

sábado, 5 de março de 2011

Avaliação de metodologias de detecção de erros de medicação e eventos adversos

Neste artigo publicado na American Journal of Health-System Pharmacy. 2011;68(3):227-240 "Systematic Review of Medication Safety Assessment Methods" Meyer-Massetti, C. et al., os autores fazem uma revisão da literatura sobre as principais metodologias de detecção e avaliação da segurança no uso de medicamentos

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Estatinas, usar ou não usar?!

Polêmica em relação ao uso das Estatinas.

Vale a pena ler o artigo que foi publicado na Carta Capital desta semana.
Estatinas para todos?
http://www.cartacapital.com.br/saude/estatinas-para-todos
Em breve um comentário nosso na perspectiva das evidências recentes sobre o assunto...Aguardem!

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

20 de Janeiro: Felicitações a todos os Farmacêuticos no nosso dia!!!

Neste dia 20 de janeiro, nosso abraço fraterno a todos os farmacêuticos e farmacêuticas deste país. Nossa singela homenagem destaca a figura de Heinrich Nestle (Henri Nestlé) (10 de agosto de 1814 - 7 de julho de 1890) farmacêutico de destaque mundial na área de alimentos.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Ano novo, novos projetos e o blog de cara nova!

Nosso blog completou mais um ciclo na sua curta existência. Criado para servir de suporte às minhas aulas na disciplina de Farmácia Clínica, ele desde o início tinha uma vocação para ser mais do que isso...Porém, os percalços de um professor recém-chegado a uma nova universidade, uma nova cidade, o tempo de adaptação à nova vida, limitaram até certo ponto a vontade de maior desenvolvimento do blog.
Agora, ano novo e de novo aquela vontade de ampliar este espaço! Acredito que é uma necessidade dos estudantes de farmácia, mas também dos farmacêuticos brasileiros, criar espaços para a troca de experiências, de visões e de informação visando a construção permanente e pertinente de conhecimento.
Não querendo ser demasiadamente pretensioso mas, faremos o que estiver ao nosso alcance para que este singelo blog seja mais um grão de areia, ou melhor, uma pequena semente (entre tantas outras que há por aí) a tentar germinar informação e disseminar conhecimento entre os farmacêuticos sergipanos e por que não dizer, para contribuir com a farmácia brasileira.
Não poderia deixar passar a oportunidade para reforçar o desafio que todos nós temos de transformar o mundo em um lugar melhor para nossa e as próximas gerações viverem. A consciência de uma cidadania solidaria e participativa, responsável por um convívio fraterno e sustentável, corresponde ao maior desafio que temos pela frente, daí a alusão que fazemos aos Objetivos do Milênio (http://www.objetivosdomilenio.org.br/), movimento global o qual acreditamos os farmacêuticos também devem aderir como o desdobramento do nosso compromisso com a vida.
Portanto, um abraço a todos, que 2011 venha com muitas realizações