segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Diário de Bordo/Aula 3 e 4: Fontes de Informação sobre Medicamentos - critérios de busca e seleção

A terceira aula de Farmácia Clinica teve como foco a estruturação de um parecer clinico para uma comissão de Farmácia e Terapêutica de um hospital geral a fim de estabelecer um protocolo de tratamento para casos de Fobia Social. Para tal atividade foram estabelecidos três grupos que discutiram sobre: os objetivos de aprendizagem, as melhores fontes de consulta para a estruturação de um parecer baseado em evidencias clinicas e a metodologia para criação de um parecer que traduza as informações necessárias para o estabelecimento de uma farmacoterapia adequada aos pacientes. O professor relatou exemplificando, sobre as deficiências que os profissionais farmacêuticos, em sua maioria, apresentam para debaterem com outros profissionais de saúde sobre o melhor manejo terapêutico de um paciente e suas dificuldades em produzir pareceres confiáveis, técnicos e clínicos quando convidados para uma comissão. Em seguida foi realizada a leitura das observações descritas pelos grupos com posterior debate do professor sobre erros e acertos.
A aula deu seguimento com uma contextualização sobre o uso de medicamentos na sociedade indicando o mesmo como a principal tecnologia utilizada para as intervenções em saúde. Foi citado ainda sobre a Prevenção quaternária na qual o paciente é protegido do risco referente às intervenções em saúde.
Um dos focos da aula foi a importância da informação dentro do processo de tomada de decisões, de forma que esta seja validada e robusta para que seja aplicada em outras situações, não somente para o caso apresentado. A idoneidade da informação também é primordial para que a mesma tenha significado no meio cientifico, não obstante, o profissional necessita ter habilidade,experiência e conhecimento para melhor avaliar as informações que lhe são apresentadas.

Um caso Clinico foi apresentado no qual um menino apresentava sintomas como febre, dor no ouvido, à uma semana apresentou sintomatologia de infecção das vias aéreas superiores e a seis meses atrás já havia apresentado um sinal de otite aguda. O debate focou qual a melhor maneira de tratar o paciente caso este buscasse ajuda na farmácia, dentre as medidas a serem tomadas o controle da febre seria o primeiro no entanto, fazendo-o preferencialmente sem intervenção medicamentosa e com observação continua do quadro clinico do paciente. Em seguida o desconforto da dor de ouvido deveria ser minimizado, no entanto o profissional deve ter cautela na indicação do medicamento e dose para não mascarar a doença impedindo ou dificultando que um profissional habilitado diagnostique ou diferencie uma infecção viral de uma bacteriana. Para tanto o farmacêutico deve utilizar de doses pequenas, pois caso o medicamento escolhido não seja o correto o tratamento é suspenso sem grandes danos ao paciente e sem interferências no diagnostico por outro profissional.
Para o caso em questão foi suposto infecção viral uma vez que a febre estava em torno de 38°C, entretanto, a recomendação de procurar o médico deve ser sempre indicada para evitar a evolução do quadro clinico já que este apresentou em outra situação quadro de otite indicando uma possível evolução, nesse caso, para uma subseqüente infecção bacteriana.

A partir desse caso foi discutido como se deve trabalhar baseado em evidências, enfatizando a necessidade de formular questões e avaliar dados epidemiológicos. Além disso, a escolha da melhor fonte de informação deve ser feita avaliando criticamente as informações disponíveis. Outra técnica consiste em transformar a necessidade de informação em pergunta clinica de forma objetiva. A pergunta a ser feita é relacionada ao problema de saúde, a intervenção e o resultado ou desfecho clinico. Na tomada de decisão é necessário integrar à evidência clínica, a experiência profissional, com os valores e necessidades do paciente.
Considerando informações disponíveis foram discutidos os critérios necessários para instituir qual informação é mais adequada e confiável, dentre eles, podemos citar: a acessibilidade da informação, quanto atual ela se apresenta, sua especificidade, idoneidade e se esta bem classificada pela classe cientifica.
Inúmeras fontes de pesquisa foram divulgadas bem como a sua classificação e conseqüente confiabilidade:
Fonte Primaria - quando são fontes originais publicadas em periódicos indexados. Ex.: JAMA, JAPHha, BMJ;
Fonte secundaria - quando são fontes oriundas das fontes primarias. Ex.: Medline, Scielo, Scopus entre outros;
Fontes terciarias: que são menos confiáveis e consideradas de informações básicas. Ex.: livros-texto, formulários, compêndios, monografias entre outros.
Houve também uma discussão sobre como trabalhar com evidências e sobre os tipos de estudo mais confiáveis, sendo classificada a metanálise como melhor fonte. Como exemplo, tem-se as revisões sistemáticas de boa qualidade, sendo dita como uma evidência tipo I. As evidências tipo II incluem ensaios clínicos e randomizados, as do tipo III incluem estudos de intervenção sem randomização e os menos confiáveis, os estudos tipo V definidos como opiniões de especialistas. De maneira geral a decisão clinica deve estar baseada em três fatores: no paciente com suas características, expectativas e valores individuais, depois nas evidências sendo a melhor delas escolhida a partir de fontes de informações idôneas, validas e relevantes e na experiência profissional utilizando suas habilidades e conhecimento.

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